terça-feira, 29 de julho de 2008

Pecados poéticos

Que pecado carrega um poeta
Senão o de saber mentir?

Sim, pois só ele sabe
Que revela um tanto de mediocridade
Quando tenta dar um gosto sublime
Nesse ar carregado de cansaço e de crime

No escuro melhor visualiza a realidade
E toma conta que ela muda com a necessidade
Talvez hoje ela nem seja a mesma de ontem
E isso é coisa que se espera que não contem

Entretanto a manada de gente
Continua seguindo em frente
Mesmo não percebendo o motivo ou razão
E o poeta se encontra em absurda solidão

Para não deixar faltar aos seus
Ele inventa mais sonhos que Deus
Assim dessa maneira ele planta a semente
De um certo alívio quase ausente
Mas que dá asas pra quem o faz presente
No espaço mágico do coração da gente

segunda-feira, 28 de julho de 2008

A dor de amar

A procura pelo prazer
Tem sempre um gosto da dor
Tentando disfarçar tua necessidade
Que é a carência de amor

O homem vai, cai e levanta
Procura por todo lugar
Sem conseguir achar um sentido
Só necessita de alguém para amar

Os olhos estão encharcados
O corpo quer ir embora
O tempo está perdido
Por dentro a alma chora

Agora é a dor da ilusão
Que arde sem cessar
E isso não passa de jeito nenhum
Se você não aprender a amar

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Aço azul

Na praça
A prece
De Priscila
Pro sogro
Pendia pro sul

domingo, 20 de julho de 2008

O Corpo e a alma

O corpo

Torto
Parece falar mesmo quando morto
Cerne da alma
Procura por calma
Frágil e engenhosa carcaça
Que com o tempo não se disfarça
Genioso nos quereres
Sedento de prazeres
Sente a fome
Que saciada some
Sente o frio
Consequente o arrepio
Sente a dor
Que só se cura com amor
Sente o sono
De sonho ainda sem dono
Necessita de sexo
Mesmo que ainda sem nexo
Tem muita sede
Que às vezes não se compreende

A alma

Torta
Continua viva quando parece morta
Cheia de trauma
Nunca se acalma
Sem muito dizeres
Carente também de prazeres
Sempre se consome
Numa fome sem nome
Seu inverno é mais frio
Que o mais gélido rio
Avessa à dor
Viciada no amor
Nunca cai em sono
Pois é viva mesmo no sonho
Não acha muito nexo
Se sem amar fazer sexo
Sua única sede
É um mistério, só posso dizer-te

quarta-feira, 16 de julho de 2008

As não ilusões dóem

A loucura que um dia amei
Hoje me apavora
Me entreguei cegamente
Sem notar sua intenção
Achava ser feliz
Sem perceber o que acontecia
Hoje me pego aos cacos
Perto do que já fui outrora

Como pude crer em tuas mentiras
Ó bela aurora?
Me seduziste com teus prazeres
Me aninhaste em tua mão
Teu sorriso belicoso e intrigante
Era tudo o que me valia
Fiquei cego e entregue a sorte
Não enxergava o que acontecia por hora

Com a mesma fúria que ofereceste amor
Me jogaste pra fora
Destruiste com tudo que sonhei
Acabaste com toda minha ilusão
Me pus a recompor
Achei força que já nem sabia
Agora te vejo com outros olhos
Me desvencilhei de ti ó triste senhora

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Nesses dias frios

Nesses dias frios, pensamentos afloram, como que nascidos em meio à turbulência, ao choque das diferenças de temperatura do clima entre as estações. O inverno cruel, semeia as idéias, impulsiona os sonhos, clareia nossas visões perante nosso futuro, nossa existência.
O que seria a noite senão um intervalo de desligamento das coisas; e o inverno uma grande noite; um descanso para a mente ainda não preparada a algo inimaginavelmente maior, que se apresentado assim, à nossa condição de ser humano atual, nos provocaria enorme choque, temor indescritível e consequentemente um abalo geral em nossa estrutura enquanto seres. Existiria nesse universo outro planeta, de seres mais evoluídos, que não necessitasse desses intervalos, dessas mudanças em relação à luz, dessas fases da lua; onde se viveria mais intensa e prazerosamente, uma vez que desprendidos de temores e medos primordiais, ao contrário de como nos encontramos? Não seria a Terra uma maternidade de evolução para sistemas mais avançados, um preparo para realidades infinitamente diferentes, um caminho para uma verdade diferentemente maior? Pois então, eis que surgem pensamentos assim, e eu me pego cada vez mais com a nítida impressão de não sabermos nada ainda.
Por muito tempo a gente vive envolto em questões de ordem egoísticas, estamos presos à nós mesmos. O ser humano adora ter uma sensação de um certo controle, de um certo conhecimento do que se passa ao seu redor, sem ter, ao mesmo tempo, relevância esse sentimento, e, com isso perde tempo precioso, o qual poderia usar para criar coisas maiores, sonhos maiores, de mais aproveitamento pessoal e coletivo. Fica preso à uma retórica sem sentido, pois desperdiça sua energia com um alcançar sem nexo, com um almejar robótico, não pensado nem idealizado por ele mesmo, vai seguindo o rebanho que caminha pra ribanceira. Surge uma energia disconexa, uma coisa sem sabor que a maioria das vezes ele nem se dá conta.
O que seria o homem senão a vitória do pensamento lógico, e é aí o ponto da conversa; existe algo a mais que a razão, um estágio que teremos de almejar, não importa com quantas gerações; é a nossa próxima fase de desenvolvimento.
Será preciso se livrar do fardo da insatisfação e da mediocridade para seguirmos em frente; de nada adianta se achar cura pra tudo se; a pior de todas as doenças, a ignorância, aumenta em proporções alarmantes. Qual o significado da tecnologia para a humanidade hoje em dia?
Estamos dando conta de que se não for sustentável ela pode ser uma arma contra nós mesmos; muita coisa mudou, e muita coisa está mudando, silenciosamente.
Urge uma revolução muito grande, de proporções incalculáveis, ela tende por em choque todo contexto que o homem acredita como inalterável, será algo como uma revolução astral, a mudança que fará com que nos enxerguemos como seres universais. Tudo o que vivemos hoje será um passado esdrúxulo, uma fase de transição sinistra que atualmente desempenhamos sem saber. O homem ainda vai sofrer por descobrir que algumas leis da natureza não devem ser alteradas, mas sobreviverá para ter a ciência desse fato.
Atualmente procuramos artifícios que nos deem sentido em nosso viver, seja no material, no conjugal, nos filhos, nas relações de amizade; enfim, tudo que nos apegamos no sentido de sentirmos parte de uma sociedade, de ser aceito pelos outros; nossa felicidade está acima de qualquer coisa, nos tornamos egoístas para almejá-la. Custe o que custar todo mundo quer ser feliz não importando a consequência, e a consequência começa agora a surgir como um monstro bem na nossa frente, nas telas de nossas TV's, ao vivo e à cores.
É a história da humanidade, mais um capítulo, mais um inverno que chega e chegará pra que nos tornemos humanos de verdade.
Que assim seja...