segunda-feira, 7 de julho de 2008

Nesses dias frios

Nesses dias frios, pensamentos afloram, como que nascidos em meio à turbulência, ao choque das diferenças de temperatura do clima entre as estações. O inverno cruel, semeia as idéias, impulsiona os sonhos, clareia nossas visões perante nosso futuro, nossa existência.
O que seria a noite senão um intervalo de desligamento das coisas; e o inverno uma grande noite; um descanso para a mente ainda não preparada a algo inimaginavelmente maior, que se apresentado assim, à nossa condição de ser humano atual, nos provocaria enorme choque, temor indescritível e consequentemente um abalo geral em nossa estrutura enquanto seres. Existiria nesse universo outro planeta, de seres mais evoluídos, que não necessitasse desses intervalos, dessas mudanças em relação à luz, dessas fases da lua; onde se viveria mais intensa e prazerosamente, uma vez que desprendidos de temores e medos primordiais, ao contrário de como nos encontramos? Não seria a Terra uma maternidade de evolução para sistemas mais avançados, um preparo para realidades infinitamente diferentes, um caminho para uma verdade diferentemente maior? Pois então, eis que surgem pensamentos assim, e eu me pego cada vez mais com a nítida impressão de não sabermos nada ainda.
Por muito tempo a gente vive envolto em questões de ordem egoísticas, estamos presos à nós mesmos. O ser humano adora ter uma sensação de um certo controle, de um certo conhecimento do que se passa ao seu redor, sem ter, ao mesmo tempo, relevância esse sentimento, e, com isso perde tempo precioso, o qual poderia usar para criar coisas maiores, sonhos maiores, de mais aproveitamento pessoal e coletivo. Fica preso à uma retórica sem sentido, pois desperdiça sua energia com um alcançar sem nexo, com um almejar robótico, não pensado nem idealizado por ele mesmo, vai seguindo o rebanho que caminha pra ribanceira. Surge uma energia disconexa, uma coisa sem sabor que a maioria das vezes ele nem se dá conta.
O que seria o homem senão a vitória do pensamento lógico, e é aí o ponto da conversa; existe algo a mais que a razão, um estágio que teremos de almejar, não importa com quantas gerações; é a nossa próxima fase de desenvolvimento.
Será preciso se livrar do fardo da insatisfação e da mediocridade para seguirmos em frente; de nada adianta se achar cura pra tudo se; a pior de todas as doenças, a ignorância, aumenta em proporções alarmantes. Qual o significado da tecnologia para a humanidade hoje em dia?
Estamos dando conta de que se não for sustentável ela pode ser uma arma contra nós mesmos; muita coisa mudou, e muita coisa está mudando, silenciosamente.
Urge uma revolução muito grande, de proporções incalculáveis, ela tende por em choque todo contexto que o homem acredita como inalterável, será algo como uma revolução astral, a mudança que fará com que nos enxerguemos como seres universais. Tudo o que vivemos hoje será um passado esdrúxulo, uma fase de transição sinistra que atualmente desempenhamos sem saber. O homem ainda vai sofrer por descobrir que algumas leis da natureza não devem ser alteradas, mas sobreviverá para ter a ciência desse fato.
Atualmente procuramos artifícios que nos deem sentido em nosso viver, seja no material, no conjugal, nos filhos, nas relações de amizade; enfim, tudo que nos apegamos no sentido de sentirmos parte de uma sociedade, de ser aceito pelos outros; nossa felicidade está acima de qualquer coisa, nos tornamos egoístas para almejá-la. Custe o que custar todo mundo quer ser feliz não importando a consequência, e a consequência começa agora a surgir como um monstro bem na nossa frente, nas telas de nossas TV's, ao vivo e à cores.
É a história da humanidade, mais um capítulo, mais um inverno que chega e chegará pra que nos tornemos humanos de verdade.
Que assim seja...

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