quarta-feira, 2 de abril de 2008

Mi lagrima

Sempre que estou quase conseguindo sair de mim,
escalando minha garganta a ver o brilho do mundo por entre meus dentes,
numa vontade de me fazer um grito absurdo,
pra tudo o que sei
e o que não sei.
Eis que no último degrau de meu ser,
eu despenco.
E lá vou eu,
descendo por entre minhas vísceras,
meus órgãos,
minhas tripas.
Planando no infinito abismo de minha alma.
Fragmentos de lembranças esquecidas,
dores de todos os partos,
nos quais fui gerido e gerei,
o próprio tempo se esforçando pra se tornar a vir a ser tempo,
e ao mesmo tempo, tempo não existir.
Uma tempestade extra,
intra, ultra corporal,
carnal e espiritual que não tem fim.
O big bang de minha existência.
Impotência do ser ante o criador,
dentro dum enorme vazio.

E, quando chego perto do fim do fim,
eis que surge a primeira lágrima,
aquela que rega os sonhos,
que lava meus olhos
e faz céu azul,
acalma as tempestades,
e que me faz levantar,
e a caminhar em frente,
para sempre e de novo,
pela eternidade,
sereno,
outra vez.

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